Centrais de negócios e tudo o que você precisa saber sobre este tipo de negócio. Neste artigo, vamos falar sobre modelo de negócio, governança, expansão e desafios. Boa leitura!
O que são Centrais de Negócios?
Primeiramente, as Centrais de Negócios são unidades administrativas das redes formadas por pessoas jurídicas do mesmo segmento.
Nesse sentido, esta associação interorganizacional de interesse econômico é gerenciada com base nos princípios da cooperação e tem como objetivo prestar serviços, compartilhar recursos e desenvolver estratégias competitivas para as PMEs enfrentarem a crescente concentração de mercado.
Sendo assim, podemos dizer que as Centrais de Negócios são verdadeiras escolas de empreendedorismo e aceleradoras do desenvolvimento da economia local através das PMEs.
Modelo de governança de uma Central de Negócios
Inicialmente, o modelo de governança praticado em uma Central de Negócios é a autogestão, que incentiva a participação direta e democrática de todos associados no processo decisório.
Este modelo prioriza as pessoas, o comportamento humano, a convivência, a troca de experiência e a difusão das boas práticas de gestão. Porém, na medida em que a rede se expande, a Central requer um modelo de gestão mais robusto e eficiente do que a autogestão.
A partir desta necessidade, a profissionalização da gestão se torna imperativa. Primeiro, o desafio encontra-se no associado, que precisar aceitar com naturalidade que a Central faz parte do seu negócio e que está interligado e interdependente com os demais associados, mesmo que juridicamente independentes.
Neste sentido, a rede, composta pela Central de Negócios e seus associados, deve ser encarada como uma organização empresarial que necessita uma gestão própria onde as tarefas, responsabilidades e recursos precisam ser distribuídos racionalmente para evitar conflitos de interesses e criar sinergia para agir em bloco, de forma articulada e, assim, garantir o poder de barganha.
Por este motivo, as Centrais de Negócios devem ser reconhecidas como geradoras de competitividade para as PMEs, além de promotoras do associativismo e do desenvolvimento social e econômico das localidades atendidas pela rede.
Modelo flexível e de baixo custo
Além de ser um modelo flexível e de baixo custo, as centrais são verdadeiras escolas de formação de empreendedores, gestores e lideranças empresariais.
Portanto, a troca de experiências e o intercâmbio das boas práticas, estimulado e patrocinado pela central, acelera a aprendizagem e reduz o risco do negócio, pois evita a repetição de erros que já foram cometidos pelos membros do grupo.
Em suma, a flexibilidade do modelo está relacionada ao fato do proprietário estar à frente da operação, possibilitando adequar rapidamente as estratégias de diferenciação, a proposta de valor, o mix de produtos ou dos serviços as necessidade do público alvo ou aos movimentos da concorrência.
Por isso, o baixo custo operacional das centrais de negócios se deve ao fato de serem gerenciadas pelos próprios associados e não terem a necessidade de remunerar o capital dos acionistas.
Logo, neste modelo, as centrais são ferramentas que facilitam a obtenção dos resultados na operação do negócio.
Evidentemente os empresários precisam estar habilitados para utilizar esta ferramenta e se apropriar dos benefícios gerados pela cooperação. Contudo, participar da rede não garante o sucesso do negócio, ela apenas é uma facilitadora.
O que dificulta o crescimento das centrais de negócios?
Este modelo de rede associativa, que reúne PMEs independentes, é considerado uma das estratégias mais eficazes de se obter escala para enfrentar a irreversível tendência à concentração.
Como resultado, em diversos países as Redes Associativas Interorganizacionais têm avançado rapidamente, porque criam alternativas de desenvolvimento e sobrevivência para as micro, pequenas e médias empresas.
Desse modo, no Brasil, este movimento foi impulsionado nos últimos 15 anos por iniciativas governamentais, como no caso do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, por iniciativas do SEBRAE e da ABRAS.
Porém, nos últimos anos este movimento vem perdendo força, como mostra o mapeamento realizado pelo SEBRAE Nacional, que constatou 205 redes inativas. Afinal, o que está dificultando ou até minando o crescimento das centrais de compras e das redes de negócios?
Os seguintes fatores podem estar por traz deste fraco desempenho:
a) Desconhecer os princípios do associativismo está na base do fraco desempenho das centrais.
b) Ausência de objetivos comuns claros – modelo de negócio e de gestão da central difuso ou indefinido.
c) Despreparo dos dirigentes – falta profissionalismo – habilidade e experiência para cumprir sua responsabilidade.
e) Escala de compra insuficiente – infidelidade, pouco comprometimento e resistência, ou ainda problemas de relacionamento com os fornecedores.
Afinal, estar em rede, manter a independência administrativa e jurídica e aproveitar os benefícios gerados pela união é o modelo dos “sonhos” de qualquer empreendedor. Porém, um velho provérbio diz que não há “bônus sem ônus”.
O alto grau de expectativa, amadorismo e a falta de modelos de negócios consistentes são algumas causas que geram desempenho sofrível das redes de negócios.
Centrais de Negócios são inovações organizacionais a espera de reconhecimento
As MPEs enfrentam dificuldades crescentes para se manter competitivas frente ao senso comum do gigantismo resultado das mega funções e consolidações.
Dessa forma, o ambiente empresarial deixa de ser local para ser global e só os mais fortes sobrevivem. Em resposta a este desafio, se fortaleceu no Brasil a cooperação interempresarial através das centrais de compras e de negócios.
Porém, como a legislação Brasileira não prevê a criação de cooperativas compostas por pessoas jurídicas. Estes arranjos organizacionais tiveram que adotar como personalidade jurídica o modelo de associação civil sem fins lucrativos.
De fato, a insegurança jurídica deste modelo de negócios permanece sem uma solução definitiva.
Mesmo com estas dificuldades, as centrais evoluíram na qualificação da prestação de serviços aos seus associados com modelos de negócio e gestão sofisticados.
O novo desafio das Centrais de Negócios
Recentemente surgiu um novo desafio para ser enfrentado pelas centrais de negócios: ser reconhecidas como uma inovação organizacional ou como um negócio inovador.
O Prêmio Nacional de Inovação que é promovido pela CNI, SEBRAE e pelo MBC, não prevê a possibilidade das centrais de negócios se inscreverem para concorrer a esta distinção.
Porém, no regulamento, ao especificar o público alvo, estão contempladas micro e pequenas empresas – indústria, comércio e serviços.
A central de negócios, como unidade de negócios que presta serviços para os seus associados, incluindo a coordenação estratégica das ações mercadológicas em bloco, gestão da marca e negociações coletivas, ainda não é reconhecida como um modelo de negócio inovador.
No entanto, as centrais de negócios, sem sombra de dúvidas, se enquadram como uma inovação organizacional, por que elas desenvolveram e implantaram um novo modelo de negócio, com métodos e práticas organizacionais adaptadas a esse tipo de arranjo produtivo.
A princípio, a organização do trabalho e as relações internas e externas requerem métodos inovadores, porque os fundamentos filosóficos do associativismo (privilegia as pessoas) e do capitalismo (privilegia o capital) são diferentes, porém, não excludentes.
Sobretudo, o aumento da competitividade das MPEs pode ser avaliado pelos resultados gerados por meio da crescente utilização de sistemas e técnicas de governança.
Logo, a competitividade e a inovação estão estritamente ligadas. Definitivamente, as centrais de negócios são modelos de negócios inovadores. São capazes de aumentar a competitividade das MPEs sem perder a flexibilidade e a personalização das relações com os clientes. Assim, isto só é possível nos negócios onde o proprietário vivencia o dia a dia da operação.
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