Desvendando a jornada para transformar a estratégia em resultado

Transformar estratégia em resultados é, sem dúvida, um dos maiores desafios enfrentados pelas lideranças organizacionais. A colaboração entre o líder e a equipe propicia a geração de novo conhecimento, peça fundamental para o desenvolvimento de estratégias inovadoras. No entanto, isso, por si só, não é suficiente. Não basta sermos inteligentes, ágeis no pensamento ou mais imaginativos. Embora esses atributos sejam importantes, a capacidade de converter o conhecimento em ação é o que determinará o sucesso dos executivos e das organizações. Para transformar esse conhecimento em resultados tangíveis, é imperativo compreender profundamente o negócio para escolher as melhores estratégias e ser disciplinado na execução.

A trilha que conduz à execução eficaz perpassa pelo amplo conhecimento dos conceitos essenciais, pelo papel determinante do líder, pelos três processos-chave e pelo monitoramento dos resultados.

1. Desvendando a Execução no Universo Organizacional: Conceitos Essenciais

Definir execução pode parecer simples, mas é o ponto fraco da maioria das organizações, por falta de conhecimento do que realmente significa por parte dos principais executivos.

Muita gente fala sobre execução, mas poucos realmente entendem. Ao abordar o tema, começamos pedindo às pessoas que a definam. No início, todos parecem confiantes: “É fazer acontecer”, dizem. “Gerenciar a empresa, alcançar metas.” Mas quando perguntamos como fazer acontecer, a conversa perde o fôlego. Sejam alunos ou executivos de alto escalão, fica claro que a maioria não sabe o que é executar.

Mesmo em livros, jornais e revistas, a execução é mencionada, mas muitas vezes de forma vaga. A impressão é de que é fazer as coisas de forma mais eficaz, cuidadosa, prestando mais atenção aos detalhes, mas ninguém realmente esclarece o que significa.

Para entender a execução, é preciso ter em mente três pontos:

  1. Execução é uma disciplina e parte essencial da estratégia.
  2. Execução é o trabalho principal do líder da organização
  3. Execução deve ser um elemento-chave na cultura organizacional.

Execução é um processo sistemático que envolve discutir exaustivamente os “comos” e os “o quês” e garantir que as pessoas sigam o que foi decidido e que irão assumir a sua responsabilidade específica na execução e na geração dos resultados previamente pactuados.

No cerne da execução, temos três processos-chave: o processo de pessoal, o processo de estratégia e o processo de operação. Esses processos estão entrelaçados, não são compartimentalizados entre equipes. A estratégia considera pessoas e realidade operacional. Pessoas são escolhidas e promovidas com base nas suas habilidades e competência para atuar nos planos estratégicos e operacionais. Operações estão alinhadas com objetivos estratégicos e habilidades das pessoas.

O líder das organizações e sua equipe executiva devem se envolver profundamente nos três processos – chave. Eles são os “donos” desses processos, não apenas o pessoal de planejamento estratégico, recursos humanos ou finanças.

2. Liderança Eficaz na Execução Organizacional: O Papel Determinante do Líder

O líder desempenha um papel crucial na execução eficaz, envolvendo o gerenciamento dos três processos-chave: seleção de outros líderes, estabelecimento de direcionamento estratégico e condução das operações. Pela sua natureza sistêmica essas atividades fundamentais são inalienáveis, independentemente do tamanho da organização.

Além disso, cabe ao líder estabelecer o tom do diálogo na organização. Sua capacidade de persuasão e influência molda o núcleo da cultura e a unidade fundamental de trabalho. A forma como as pessoas se comunicam entre si influencia diretamente o funcionamento da organização. O diálogo é excessivamente formal, politizado, fragmentado e defensivo? Ou é aberto, fundamentado na realidade, envolvendo-se em debates construtivos, formulando as perguntas apropriadas e buscando soluções pragmáticas? No primeiro cenário, comum em muitas organizações, a verdade permanece obscura. No último, o líder deve estar ativamente envolvido com sua equipe gerencial, praticando essa abordagem de maneira consistente e persuasiva no campo de jogo.

Contudo, há resistência por parte dos líderes em assumir essas responsabilidades, alguns considerando-as tediosas e menos importantes. Preferem, assim, delegar tarefas e responsabilidades sob a alegação de proporcionar autonomia aos funcionários.

O líder que apenas dita ordens, sem se envolver na execução e sem formar novos líderes por meio de seu exemplo, gera equipes inseguras e ineficientes. Ao contrário, ao fazer perguntas, estimula as pessoas a descobrirem soluções por si mesmas, ampliando suas habilidades em vez de sufocá-las.

Apesar da importância da execução, muitas vezes é negligenciada ou mal compreendida. As pessoas buscam respostas para a falta de decisões e compromissos não cumpridos, mas raramente reconhecem a execução como uma disciplina fundamental para o sucesso organizacional. O problema reside no fato de que a execução não parece ser algo muito interessante; é frequentemente algo que o líder delega.

Entretanto, a execução exige um entendimento abrangente do negócio, do pessoal e do ambiente organizacional. O líder é a única pessoa em posição de obter esse entendimento, sendo ele quem pode efetivar a execução por meio de seu envolvimento pessoal, tanto nos aspectos fundamentais quanto nos detalhes do processo. Portanto, a execução é, sem dúvida, o principal trabalho do líder.

3. Os Três Processos-Chave: A Essência da Execução na Gestão Organizacional

Na história da gestão, não faltam exemplos de organizações promissoras lideradas por executivos inteligentes que enfrentaram fracassos significativos devido à falha na tradução efetiva da estratégia em resultados tangíveis. O principal motivo desse cenário surge quando a liderança planeja e vê a execução como algo menor, que diminuiu sua dignidade como condição de poder. Em tal cenário, qualquer iniciativa está fadada ao fracasso

É impossível adotar uma disciplina de execução eficaz se as principais lideranças da organização não possuírem um profundo entendimento dos três processos-chave da execução. São os líderes que delineiam a estratégia e os objetivos, que alocam as pessoas certas nas funções certas e priorizam os recursos no orçamento para a operação ter condições para executar o planejado. Nada acontece se não houver uma orientação clara de cima para baixo na hierarquia organizacional.

Esses processos-chave são:

  1. a) Processo de Estratégia: identifica os públicos-alvo e prioriza suas necessidades. Os objetivos incluem conquistar a preferência do público-alvo, gerar vantagem e diferencial competitivo, visando, por fim, a geração de lucro para remunerar acionistas ou superávit para reinvestir na própria organização.
  2. b) Processo de Pessoal: envolve a admissão e/ou capacitação de pessoas alinhadas com a estratégia, capazes de executá-la com maestria. A liderança é responsável por assegurar que as pessoas certas estejam nas funções certas.
  3. c) Processo de Operação: envolve o conhecimento técnico para operacionalizar o negócio, incluindo tecnologia para a produção de produtos e serviços, estratégias de marketing, comunicação e vendas, bem como a alocação e controle eficientes de recursos.

4. Monitorando os Resultados: Uma Abordagem Clara e Efetiva

O núcleo da execução reside nos três processos-chave que todas as organizações empregam de alguma forma: o processo de pessoal, o processo de estratégia e o processo de operação. No entanto, é comum que esses processos permaneçam isolados como silos, sendo conduzidos de maneira mecânica e apressada, com o objetivo de retornar rapidamente às atividades normais. Em geral, CEO e alta gerência dedicam menos de meio dia por ano para avaliar os planos relacionados a pessoas, estratégia ou operações. Além disso, as análises frequentemente carecem de interatividade, com as pessoas permanecendo passivas durante apresentações em PowerPoint, sem formular perguntas ou promover debates.

Consequentemente, os resultados obtidos são pouco úteis, e as pessoas saem dessas avaliações sem um comprometimento efetivo com os planos de ação que ajudaram a criar. Essa abordagem é uma fórmula direta para o fracasso.

Nos ambientes corporativos, há um conhecimento considerável sobre planejamento, mas nem tanto sobre execução e monitoramento dos resultados, ou seja, como transformar estratégia em resultado. Os gestores são treinados para serem inteligentes, mas nem sempre para executar, analisar e interpretar informações, e entregar os resultados projetados no planejamento.

Estabelecer metas intermediárias e uma rotina de avaliação periódica é uma prática fundamental para garantir os resultados projetados no planejamento. Antes de cada reunião de avaliação, as equipes devem analisar as informações e medir os resultados do seu projeto, identificando as causas dos desvios e apresentando aos pares as ações corretivas que pretendem implantar para corrigir a trajetória.

Dessa forma, nas reuniões de monitoramento de resultados, será possível conhecer a realidade do negócio e estabelecer um diálogo consistente e objetivo, visando implantar as soluções corretivas. É crucial responsabilizar as pessoas pelos resultados e discutir abertamente e coletivamente as soluções para assegurar que os planos estejam nos trilhos.

5. Considerações Finais: A Jornada para uma Execução Efetiva

A transformação da estratégia em resultados tangíveis demanda enfrentar desafios culturais, como a visão de que o planejamento é teórico, a pouca importância dada às metas e a falta de disciplina e monitoramento do planejamento.

Além da monitoração periódica dos resultados, é crucial prever revisões anuais do planejamento. Nesta fase, caso as metas não sejam alcançadas, uma revisão minuciosa dos processos-chave é vital para identificar falhas. Se as metas forem atingidas, torna-se imperativo padronizar as rotinas e treinar intensivamente as equipes no novo conhecimento adquirido.

O comprometimento da liderança e a disciplina na execução são fundamentais não apenas para atingir metas, mas também para manter a competitividade no cenário organizacional. Isso destaca a importância de uma abordagem consistente e comprometida com os processos de execução para transformar estratégia em resultados