Os conhecidos “caroneiros” pouco contribuem com a construção dos benefícios nas redes, mas querem usufruir de igual modo dos ganhos coletivos.
Por Adriano Arthur Dienstmann
A união dos pequenos e médios empreendimentos para negociar com os fornecedores gera poder de barganha e ganhos competitivos que nenhuma empresa obteria individualmente. Além deste benefício, é possível compartilhar o investimento em marketing, capacitação, logística, e obter ganhos financeiros através da negociação de serviços financeiros, TI, assessoria jurídica, contábil e técnica, entre outros.
Mas por que as redes e centrais de negócios ainda são modelos de negócios pouco conhecidos e de atuação modesta no mercado se podem gerar tantos benefícios aos empreendedores?
Para responder esta pergunta é necessário ir além da racionalidade individual e examinar como as pessoas se comportam quando participam de ações coletivas, como as redes e centrais de negócios.
A solidariedade, premissa fundamental da cooperação, está alicerçada no reconhecimento da interdependência e da necessidade de somar esforços.
O economista norte- americano Mancur Olson, no seu livro “A Lógica da Ação Coletiva”, afirma que os indivíduos, mesmo participando de ações coletivas, continuam centrados nos seus próprios interesses e que poucos agirão voluntariamente para promover os interesses coletivos e atingir os objetivos comuns do grupo. No Brasil temos um ditado que confirma esta tese: “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Infelizmente muitos participantes das associações estão mais interessados em “pegar carona” nas iniciativas de um pequeno grupo de abnegados, muitas vezes taxados de “donos” das redes e centrais de negócios, do que contribuir para bem coletivo. Os “caroneiros” utilizam uma estratégia oportunista. Querem usufruir de igual modo dos ganhos, mesmo contribuindo pouco com a construção dos benefícios coletivos.
Esta postura oportunista ocorre mais frequentemente em redes e centrais de negócios que não possuem um sistema de informações capaz de medir a contribuição individual de cada associado na construção do bem coletivo.
Do ponto de vista da racionalidade coletiva, todos ganhariam caso houvesse uma cooperação integral. Por este motivo, é necessário desencorajar as deserções, estimulando e dando transparência as contribuições individuais através de mecanismos de sanções e recompensas para os associados que mais contribuem com os resultados coletivos.