A evolução das Redes e Centrais de Negócios começa a partir de uma“autoavaliação” dentro das organizações.
Reunir pequenos negócios em redes de cooperação e centrais de negócios é uma das estratégias mais utilizada pelas PMEs no mundo para enfrentar a tendência de concentração de mercado patrocinada pelas grandes corporações.
Segundo o SEBRAE, no Brasil existem aproximadamente oitocentas redes de cooperação. Grande parte delas é de centrais de compras, primeiro estágio da cooperação entre empresas.
Estas redes são sistemas de negociação centralizados, destinadas à aquisição de mercadorias exclusivamente para seus integrantes. O objetivo é obter escala e poder de barganha junto aos fornecedores através das negociações centralizadas.
A experiência internacional e alguns cases de sucesso brasileiros indicam que é necessário evoluir para modelos de negócios coletivos mais complexos como as organizações administrativas de redes (OAR).
Além de buscar escala e eficiência nas negociações com os fornecedores, elas desenvolvem estratégias competitivas de longo prazo para a rede e aumentam a capacidade de agir em bloco.
Evolução das centrais de negócios, primeiro passo:
O primeiro passo para a evolução da rede rumo ao novo patamar na cooperação interorganizacional inicia por um debate interno para responder as seguintes questões:
a) Por que estamos em rede?
b) O que nos une?
c) Onde queremos chegar com este modelo de negócio?
Dessa forma, a cultura preponderante no grupo irá determinar o rumo da rede.
Logo, os grupos que valorizam as estratégias de crescimento (MAKE MONEY) irão concentrar suas ações na área da receita e lucratividade, visando conquistar crescentes fatias do mercado.
Enquanto que os grupos onde a cultura preponderante está relacionada com a contenção de custos (SAVE MONEY) irão privilegiar ações para manutenção do mercado e de aumento da produtividade, através da eficiência operacional.
Por fim, mesmo que ambas as estratégias busquem aumentar a lucratividade do negócio, as prioridades serão diferentes e elas irão determinar a visão de futuro da rede como uma nova organização empresarial.
Nas centrais de negócios as relações são colaborativas e não hierárquicas
A geração compartilhada de riquezas num ambiente que é simultaneamente competitivo e colaborativo exige das lideranças competências gerenciais diferentes das que são utilizadas nas sociedades mercantis hierarquizadas com fins lucrativos.
Assim, com inúmeros agentes e interesses a serem conciliados, não se pode simplesmente transpor as práticas de gestão utilizadas nas empresas associadas para a central.
Portanto, acreditamos que é possível transformar a realidade das PMEs através do trabalho coletivo aliando cooperação e competição. Porém, isto é desafiante numa sociedade que privilegia e valoriza o individualismo, mesmo sendo o ser humano um ser social por natureza.
Em suma, esta contradição é desafiada pelo empreendedorismo colaborativo através das redes e centrais de negócios. Além de valorizar as ações coletivas, elas são uma escola para empreendedores e líderes comprometidos com o desenvolvimento social e econômico coletivo das suas comunidades.
Artigo do consultor e diretor da Redexpert, Adriano Dienstmann, publicado na edição nº 58 da Revista Nosso Setor, de Fortaleza/CE.