A cooperação sempre foi um fator de desenvolvimento social e econômico para a humanidade. O termo cooperação, que pode ser decomposto em “trabalhar com”, consiste em trabalhar em conjunto para alcançar objetivos que dificilmente seriam alcançados individualmente.
A sociedade privilegia e valoriza o individualismo e a competição, mesmo sendo o homem um ser social. Essa contradição desafia o mundo dos negócios. A pandemia acelerou as mudanças comportamentais e tecnológica. Este fenômeno favoreceu as grandes organizações em detrimento das PMEs. No mundo dos negócios tamanho é “documento” para barganhar com fornecedores, acessar linhas de crédito e tecnologias.
Modelos de negócios coletivos, como as cooperativas, redes e centrais de negócios, são soluções inteligentes e economicamente viáveis. Porém, especialmente desafiadoras, em função da cultura individualista de parte dos empreendedores brasileiros, muito bem retratada no samba “Farinha pouca, meu pirão primeiro” de autoria de Bezerra da Silva.
Para transformar esta não basta fundar centrais de compras e de negócios. É preciso reunir “sonhadores” que desafiam esta lógica e se dedicam a resgatar as ações coletivas, a valorizar o ser humano, não pelo tamanho da sua conta bancária mas do seu caráter, seus valores e princípios.
A cooperação interorganizacional , especificamente as rede de cooperação, centrais de compras formadas pelas PMEs e as demais formas de trabalhos coletivos incentivados pelos programas de economia solidária, tem como objetivo gerar renda e desenvolvimento social e econômico regional. Porém, são necessárias lideranças com credibilidade que acreditam que a cooperação é uma solução para manter as PMEs competitivas para enfrentar os grandes conglomerados empresariais. Não basta ser “sonhador”, é preciso desenvolver competências e dominar métodos de comunicação e gestão específicos para a função.
Atuar em rede requer a incorporação de novas práticas de gestão, às quais estão condicionadas as mudanças de atitudes e comportamentos das lideranças que devem pautá-las, acima de tudo, pela ética, pelo respeito às normas e regulamentos e às decisões coletivas.
Mesmo as entidades consolidadas, inclusive as grandes cooperativas, enfrentam dificuldades para renovar as suas diretorias.
A escassez de novas lideranças dispostas a assumir as funções diretivas está relacionada diretamente à falta de investimento na educação para a cooperação dos associados. Sem a formação básica da “matéria prima” (associados) não teremos lideranças preparadas para assumir as funções diretivas de entidades complexas que foram criadas para gerar competitividade para os seus associados. Concorrer com grandes corporações, com alto grau de profissionalização e capacidade financeira invejável, não é uma tarefa que pode ser desempenhada com sucesso por “amadores e sonhadores”.